Apesar de representarem 8% da população brasileira, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), pessoas com deficiência são praticamente invisíveis nas campanhas publicitárias do país. Uma pesquisa recente da agência Head, a TODXS, revelou que a representatividade desse grupo nos comerciais brasileiros não ultrapassou 0,12% em 2023.
O estudo, que analisou mais de 500 peças publicitárias veiculadas em TV aberta e canais pagos, aponta para um cenário preocupante de exclusão. “As marcas precisam urgentemente repensar suas estratégias de comunicação e incluir de forma autêntica e respeitosa a diversidade da população brasileira”, defende Ronaldo Tenório, CEO da Hand Talk, empresa especializada em acessibilidade digital.
CAMPANHAS QUE INSPIRAM
Para Tenório, a publicidade tem um papel fundamental na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. “Cada imagem, frase e contexto nas peças publicitárias ganham repercussão e podem influenciar comportamentos e moldar percepções”, ressalta.
Felizmente, algumas marcas já estão dando passos concretos na direção da inclusão. A Magazine Luiza, por exemplo, criou um canal de atendimento pós-venda exclusivo na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Já a cervejaria Colorado implementou QR codes nos rótulos de seus produtos que direcionam para tradução em Libras e rótulos em Braile.
A plataforma de streaming PingPlay também se destaca por oferecer recursos de acessibilidade como Libras, audiodescrição e legendas em todos os seus filmes, inclusive nos trailers. Já a Lacta, em 2021, lançou a campanha “Sinais” para apresentar a linha Lacta Intense Nuts, com um filme protagonizado por um casal que se conheceu em uma festa em que a maioria dos presentes se comunicava em Libras.
UM DEVER, NÃO UMA OPÇÃO
Para Tenório, a inclusão de pessoas com deficiência na publicidade não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas também uma oportunidade de negócio. “Esse público representa um mercado consumidor significativo e com alto poder de compra”, afirma.
Ele acredita que as marcas que investem em campanhas inclusivas podem se destacar da concorrência e fortalecer sua imagem junto à sociedade. “A inclusão é um dever, não uma opção”, finaliza.
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